Descobrimento – Praia do Espelho x Trancoso

Dia 4 do trekking, saindo da Praia do Espelho, em Curuípe, e indo até Trancoso. A travessia a pé por toda a costa do descobrimento, na Bahia.

Se quiser ver o índice desta aventura, só clicar aqui.
Vamos aos relatos deste dia.


Acordei cedinho, até porque fui dormir cedo no dia anterior, e fui direto pra praia ver o nascer do sol na praia do espelho. Desci e fui até uns coqueiros que tem ali perto.

As nuvens não ajudaram muito. Vista do camping.

Na volta, subi numas escadas que tem ao lado do quiosque que da acesso ao camping do Lota. Ali tem outro estacionamento com uma vista bem legal.

Voltei para o camping do lota e comecei a arrumar minhas coisas sem muita pressa. Tomei meu café da manhã, mandei mensagem para o camping em trancoso avisando que iria chegar ali hoje a tarde, e fui procurar o Alexandre para pagar o meu pernoite.

Não achei o Alexandre e acabei falando com a Caiana, que é filha do Lota. Perguntei a ela sobre atravessar o rio Frades, se era perigoso e tal. O cara do camping Mandacaru em Trancoso me falou a história deste Rio Frades.

“Ali um frade foi atravessar e estava se afogando. Um segundo frade foi tentar ajudar e quase morreu afogado. O primeiro morreu afogado, o segundo se safou. Foi o primeiro homem branco a morrer naquele rio”. Fiquei muito aliviado ao saber desta história, hahaha. Por isso fui conversar com o pessoal do Lota para ver o que eles falavam. A Caiana chamou o próprio Lota, que é um pescador dali, e ele veio conversar comigo.

Lota falou que da para atravessar. Caso esteja muito cheio, procure os moradores que tem por ali perto que eles ajudam tranquilamente.

Fiquei um pouco mais tranquilo, paguei o pernoite, terminei de arrumar minhas coisas e comecei a minha caminhada. O percurso você pode ver aqui:

Powered by Wikiloc

Comecei a caminhar pela praia do espelho até chegar numas pedras que dividem uma praia da outra. Ali encontrei um rapaz voltando das pedras para onde eu iria ir. Perguntei se dava para passar tranquilo e ele disse que sim. Só tive que tirar a bota e colocar os chinelos. Enquanto trocava os calçados, fomos conversando sobre viagens e trilhas. Me despedi e segui pelas pedras. Até que não foi difícil.

Chegando na praia dos amores, resolvi ir andando descalço um pouco. Como estava plano, e a água toda hora invadindo pelas ondas, achei melhor.

O caminho é muito bonito. Algumas casas em torno também muito bonito. Cheguei a parar em uma em que o telhado das casas pareciam de palhas, como se fosse ocas de índios. Muito bonito.

Continuei a caminhar até vi falésias no meu horizonte. Continuei a caminha por toda praia grande até que cheguei no rio Frades.

Rio Frades

Assim que cheguei, vi um pescador que estava finalizando de atravessar o rio. Fui falar com ele e disse que estava tranquilo de atravessar. Depois ainda vi alguns turistas que estavam chegando por ali de buggy e atravessaram também. Botei o celular na mochila, deixei o tripé e fui atravessar o rio com a mochila costas. Foi bem legal. O rio até que puxa um cadinho, mas nada absurdo. Água bate na cintura. Depois tive que voltar para pegar o tripé atravessando o rio mais uma vez. Ai pensei:

– Pô, na próxima vez que eu tiver que atravessar um rio, eu vou deixar o tripé JUNTO com o celular e gravando. Assim eu não fico o medo que fiquei de perder o celular caso eu caísse na água e ainda teria uma filmagem de eu atravessando o rio.

Foi o que fiz nas próximas travessias de rios e foi ótimo. Atravessado o rio, dado uns bons mergulhos na água doce e ter curtido bastante, chegou a hora de voltar a caminhar.

A partir do rio Frades, a praia ficou inclinada e não muito firme. O que aumenta o cansaço, o desgaste, e diminui o ritmo. Chegou uma hora, de tanto andar em terreno inclinado que comecei a sentir uma pequena dor no quadril. Nada insuportável, mas incomoda né? Somado a uma pequena bolha (já tratada) que tinha formado no dia anterior, vai te desgastando. Depois de andar alguns minutos a praia vai ficando melhor. Menos inclinada e mais firme conforme pode ser visto na foto acima.

Achei uma pequena sobra e parei ali para descansar uns minutos e me hidratar. Já passava de meio dia, então era hora de comer alguma coisinha.

Pontos com sombra são valiosos, hehe

Ali comi uns biscoitos, bebi água e passei mais protetor solar. Enquanto estava ali na sombra, vi que atrás era tipo uma pousada ou algo do tipo. Tinha dois velhos conversando e tomando cerveja ao fundo. Nem falei com eles e nem eles comigo. Dava para ver que não eram da região. Eram turistas.

Botei a bota de volta para caminhar e assim segui meu caminho pela praia de Itaquena. Praia gigante e linda! Gostei mais dali do que da praia do espelho.

O caminho voltou a ficar espelhado coma maré baixa. Ficou muito bonito. Ótimo para apreciar a paisagem. O lado ruim é que tem um sol em cima e outro embaixo dado pelo reflexo dele no chão. Mas é lindo de qualquer forma. Vale a pena.

Pela praia você consegue ver vários recifes, assim como na praia do espelho. Após passar por uma casa que tinha um monte de carrancas, passei por um barquinho, tirei foto e ali também vi uma sombra. Parei ali para descansar mais um pouquinho. Foi a melhor coisa que fiz:

Enquanto estava ali descansando ouço uma voz atrás de mim.

– Você já está por aqui? Caramba! Eu te vi caminhando outro dia lá não sei aonde numa praia!

Era o pescador Sérgio – ou meu anjo da guarda. Falou que o barquinho que tirei foto era o barquinho do Gago e que este deveria ser o barco mais fotografado do mundo, porque todo mundo que passava por ali tirava uma foto. Hehe.

Ficamos conversando um pouco sobre vários assuntos e ele mencionou que essa parte da praia, principalmente na lua cheio fica muito bonita. A lua praticamente nasce no mar e ele fica todo prateado. Fica lindo só de imaginar.

Enquanto conversávamos uma moça de biquíni vermelho veio até nós e perguntou onde estava o rapaz que cuidava da região (creio ser o tal gago). Sérgio falou que ele não estava por aqui no momento e perguntou o porquê. Ela disse:

– É que uma preguiça caiu de uma árvore e está desacordada no chão. Vocês podem ajudar?

Não pensamos duas vezes.

– É claro!

Peguei meu celular para filmar isso, é claro, e fomos até lá.

Quando chegamos lá, ela já estava acordando. Tem que saber pegar nela por causa das garras. Vimos se ela estava bem e colocamos de volta na árvore. Acabei só filmando ela subindo na árvore, mas pra mim, essa experiência já foi incrível. Já ganhei o dia.

Feliz por ver uma preguiça, livre, em seu ambiente e bem de saúde. Me despedi de todos e continuei o meu caminho sentido a Trancoso.

Chegando já na praia de Itapororoca, começamos a ver cada vez mais gente pelas praias. Sinal que trancoso está cada vez mais perto.

Depois de passar pela praia do rio verde e a dos coqueiros, vi a entradinha que leva até a ponte de madeira em trancoso. Bem bonitinha e marcante.

Depois dela tem um estacionamento.

Ali oferecem moto-taxi para quem quer subir até o centrinho. Eu, apenas comprei um coco gelado, descansei uns minutinhos e continuei a pé. Uma pequena subidinha, mas já em asfalto e pedras de paralelepípedo. Conforme eu avançava, vi que o clima de “vila” ia diminuindo e ficando cada vez mais o clima de “cidadezinha”. Trancoso é um pouco mais estruturada comparada com todos os outros lugares que havia ficado até ali, durante a caminhada.

Parei numa farmácia, perto da praça da independência, e comprei um dorflex para ver se ia melhorar a dozinha que estava sentindo no quadril. Depois, fui andando até o camping Mandacaru.

Conheci o Tavinho, o violoncelista Alan e a viajante “colaaquieviaja” junto com seu cachorrinho. Montei minha barraca, tomei um banho, fiz um pequeno lanche conversando com o pessoal e já parti pra rua para conhecer o quadrado a noite.

Lugar muito bonitinho. Romântico. Tanto quanto Caraíva, só que um pouco mais urbano. Depois de conhecer o quadrado e o mirante a noite, fui comprar um sorvete e sentar por ali para ver o movimento. Pedi duas bolas e foi 17 conto o sorvete. Já imaginei que poderia ser  caro… mas veio sorvete pra caralhoooooo!!! Hahaha. Se eu soubesse tinha pedido um sabor só. Já não estava aguentando comer tanto sorvete.

Consegui tomar todo e voltei para o camping. Fiquei mais um tempo conversando com o pessoal, fiz uma jantinha de verdade e fui descansar.

Amanhã seria o dia de ir até Arraial d’Ajuda. A travessia estava se aproximando do fim.


Índice da aventura

Comentários