Dia 1 do trekking, saindo de Cumuruxatiba e indo até Corumbau. O início do Trekking da costa do descobrimento. Uma caminha linda.
Se quiser ver o índice desta aventura, clique aqui.
Vamos aos relatos deste dia.
Acordei algumas vezes durante a madrugada. Nervosismo? Acho que não. Só sei que acordei. Levantei quase sete da manhã e vi que o café ainda não estava pronto. Comecei a fazer eu mesmo o meu café da manhã com as coisas que eu havia comprado. Minutos depois apareceu a Arúkia começou a fazer o café do Hostel Caramuru.
Peguei o café da cafeteira, misturei com nescau e comi o sanduiche que eu já tinha feito. O café do hostel ainda não estava pronto… mas eu tinha hora para sair. Queria aproveitar o dia.
Me despedi do pessoal e comecei a caminhar por volta das 8 da manhã. Como já sabia que a barra do Cahy estava fechada, então não precisaria passar ali até o pico da maré baixa. Isso significava uma preocupação a menos e andar um pouco mais tranquilo.
Cheguei à primeira praia, a praia da Igreja, fiz uma pequena oração pedindo proteção e começou o trekking de verdade.
O caminho feito pode ser visto aqui:
O tempo não estava dos melhores mas a previsão era de melhoras e tempo aberto para quase todos os dias da minha viagem. Porém, naquele momento que comecei a caminhar, estava com umas nuvens um pouco fechadas.
Passei pela praia do píer e cheguei até pegar um pouco de chuva uns minutos depois. Mas foi tão fraquinha que nem coloquei a capa de chuva da mochila e nem a minha jaqueta impermeável.
Chegando no meu primeiro contato com uma falésia, o tempo começou a abrir. O sol começou a das suas caras, mesmo que tímido. Tirei umas fotos e chegou a hora subi-la.
Mirante muito bonito ali. Uma bela vista de Cumuruxatiba. Depois de tirar as fotos, e continuar a andar, vi que tinha um casal fazendo um camping selvagem ali (fica a dica) e um pouco mais para a frente alguns carros estacionados. Ou seja, da para chegar ali de carro e ter essa bela vista.
Andando por toda a falésia, passando pelo “estacionamento”, chegou a hora de descer e já estamos de cara com a praia do Moreira.
Achei a praia MUITO bonita. Bem isolada e vários coqueiros. Com o tempo razoável já achei bonita, com um solzão! Deve ficar maravilhosa.
O caminho da praia do Moreira até a próxima praia, a Ibassuaba, requer um pouco de cuidado. Se for pelas pedras, como eu fui, é extremamente importante que vá na maré baixa. E mesmo assim é capaz de ter que molhar os pés. No meu caso, a água foi até o joelho. O meio mais fácil é subir no mato que tem por ali e ir por cima da falésia. Assim você chegará na praia do Imbassuaba da mesma forma.
Chegando nesta praia, eu fiquei admirado. A praia estava com um efeito de espelho na areia, formada pela maré baixa. Estava lindo demais. A praia inteira só pra mim. Não tinha uma alma viva. Foi maravilhoso.
Fui andando até que cheguei nas ruínas.
A história desta ruína é que um morador construiu esta casa, como uma “casa de veraneio”. Toda vez que ele voltava, ela estava destruída pelas forças da maré. Então ele ia lá e a reconstruía. Após se ausentar, a maré ia lá e destruía mais uma vez. Ficou nesse processo até que um dia ele morreu. Hoje é só ruínas.
Continuei a caminhar com o efeito de espelho durante toda a praia. Visualmente é lindo, mas o chato é que você tem um sol em cima e outro embaixo, dado pelo reflexo espelhado na areia.
Fui caminhando e de longe vi a entrada para o camping glória. Já tinha planejado seguir adiante porque achei que era muito pouco para se caminhar em um dia e realmente é. Mas o Lugar ali é absurdo de lindo. Deve valer a pena pernoitar por ali. Mas… eu queria seguir adiante e aproveitar o tempo que eu tinha. Fui andando até que, já bem próximo do camping, tem a plaquinha da primeira praia do Brasil
Ali é um dos 3 supostos lugares onde Cabral poderia ter descido com seus barcos. Os outros 2 era na “ponta do Corumbau” e na praia de “coroa vermelha” em Cabralia. Durante esta viagem passei por todos esses 3 pontos. Mas, voltando aos relatos deste dia…
Ali tem uma cruz e uma plaquinha dizendo ser a primeira praia do Brasil.
“O Brasil renasce onde nasce.
22 de abril de 1500
…Ao monte alto e a terra – A Terra da Vera Cruz, cruzando os navios pequenos diante dezessete, dezesses, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças até meia légua da terra onde todos lançamos âncoras em frente a boca de um rio: Rio Cahy. Barra do Cahy. Prado – Bahia – Brasil.”
Bem do lado, tem um barraquinha, que pertece a um senhor chamado Guga (se eu não me engano). Só fiquei sabendo disso porque duas mulheres de bike apareceram por ali perguntando se o tal Guga estava na área. Disse:
– Guga?
– Sim, ele está por ae? É o dono dessa barraquinha. – Disse ela.
– Confesso que não sei. Acabei de chegar.
Era a Simone junto com a Helena. Nos apresentamos e ficamos conversando um pouco ali na barraquinha do Guga, enquanto eu me hidratava e fazia um pequeno lanche como almoço (duas tangerinas).
Conversa vai e conversa vem, a Simone me falou que estava tomando conta do camping Odoya lá em Corumbau. Cheguei a falar que tinha me planejado ficar no camping Vila segóvia, mas ela me convenceu a ir para onde ela estava, o Odoya. Aceitei. Hehe.
Depois de um pouco de conversa, elas seguiram o caminho de onde eu vim, e eu segui em frente sentido a vila segóvia lá em Corumbau. Como elas estavam de bike, quando estivessem voltando para casa, iriam me encontrar mais uma vez. E foi o que aconteceu.
Peguei minha mochila e comecei a caminhar. Graças a Deus os locais estavam certos (eis a importância de sempre conversar com os locais e dizer o que se pretende fazer): o rio Cahy estava fechado.
Eu não tinha entendido quando falaram que o rio estava fechado. Como assim fecham um rio? Agora eu entendi. O oceano criou um banco de areia tão alto que fez o rio perder a conexão com o mar. Dei sorte. Deu para passar tranquilamente sem nem se quer molhar os pés.
Continuei minha caminhada e assim que passei pela barra do cahy, a praia fica bem inclinada e fofa. Bem chatinho de caminhar.
Depois de uns minutos caminhando totalmente sem nenhuma alma viva, parei num ponto onde tinha um barquinho e uma rede de pescador de baixo de uma pequena arvore. Finalmente um ponto com sobra. Parei uns 20 min ali para descansar do sol forte e depois continuei minha jornada.
Andando, vi umas casas construídas muito próximas ao mar, mas estas, com barreiras para impedir que as marés as destruíssem.
Minutos depois, vi uma escada de madeira e fui até ela. Lá eu vi que dava acesso até a estrada, para quem chega de carro.
Ali Simone e Helena reapareceram e foram me acompanhando e conversando até um certo ponto. Depois, seguiram pela estrada, enquanto eu continuei pela praia.
Andando sozinho, cheguei ao ponto onde tive a primeira vista para Corumbau. Finalmente estava acabando. Fiquei feliz por que já era umas 15, 16h e o sol logo iria descer e ficar escuro.
Parei mais uma vez para dar o último descanso e não acabar de vez com a coluna, haha. Levantei e agora era a reta final para chegar à vila Segóvia em Corumbau. No meio do caminho vi uma tartaruga morta.
Cheguei na entradinha para a vila segóvia, passei pelo campinga Segóvia e fui até o camping Odoya. Lá encontrei o pessoal de novo.
Montei barraca e aproveitei que o sol ainda não tinha se posto, voltei pra praia dar um mergulho. Comemorar. Depois de batizado e feliz, voltei para o camping e tomei um banho de verdade, com água doce. Hehe.
Camping odoya muito bom. Água quente, internet wifi (sinal de telefone não pega), água potável, rede elétrica, cozinha completa. Custo $ 35.
Descansei um pouco, fiz minha jantinha, tomei um dorflex (hahaha) e fui dormir. Acabei que nem conversei muito com o povo. Dentro da barraca mandei mensagem para o camping da Laila em Caraíva, dizendo que amanhã estaria chegando lá. Agora era descansar porque o dia seguinte era andar aproximadamente 20km e conhecer a famosa vila de Caraíva !!!
Índice da aventura
- Planejamentos e gastos
- 10/08/2021 – Chegando em Porto Seguro
- 11/08/2021 – Indo até Cumuruxatiba
- 12/08/2021 – Cumuruxatiba x Corumbau
- 13/08/2021 – Corumbau x Caraíva
- 14/08/2021 – Caraíva x Praia do espelho em Curuípe
- 15/08/2021 – Curuípe x Trancoso
- 16/08/2021 – Trancoso x Arraial d’Ajuda
- 17/08/2021 – Arraial d’ajuda x Porto Seguro
- 18 e 19/08/2021 – Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro